A Sandalford é a maior e mais antiga vinícola familiar do estado de Western Austrália, com vinhedos em Margaret River, Frankland, Mount Barker e Swan Valley, onde encontra-se a sede da empresa. Sua história é muito interessante e vale a pena ser conhecida.
John Septimus Roe foi um militar brilhante que trabalhou na Marinha Britânica no século XIX, ajudando a organizar os assentamentos de colonos na longínqua Austrália. Depois de se destacar na região de New South Wales nas décadas de 1810 e 1820, ele foi transferido para Western Austrália para supervisionar o desenvolvimento das colônias de Fremantle e Perth. Seu desempenho foi tão elogiado que, na época da sua aposentadoria (1840), ele recebeu da própria Rainha Victória 800 hectares de terras na região de Swan Valley como forma de reconhecimento.
Ele nomeou a propriedade como “Sandalford Estate” e rapidamente plantou os primeiros vinhedos. O negócio foi um sucesso desde o início e, nas décadas seguintes, John e seus descendentes expandiram seus negócios adquirindo vinhedos em outras regiões, destacando-se os vinhedos de Margaret River. Em 1991, um casal de hoteleiros (controlam mais de 40 hotéis) apaixonado por vinhos, Peter e Debra Prendiville adquiriram o negócio dos herdeiros de John. Eles revitalizaram os vinhedos, modernizaram a produção e começaram a exportar. Além disso, trouxeram todo o conhecimento da área de hotelaria e hoje são considerados a vanguarda do Enoturismo na Austrália.
Atualmente, produzem algo em torno de 01 milhão de litros por ano, mantêm cerca de 2,5 mil barricas de carvalho e a direção técnica está nas mãos do enólogo Paul Boulden. Em 2009, o crítico Ray Jordan elegeu a Saldalford como a “Vinícola do ano”, com o “Melhor enólogo do ano” (Paul Bolden) e o “Melhor Shiraz” para o vinho Prendiville Shiraz 2008. Recentemente, ganharam a prestigiada cotação de vinícola 5 estrelas vermelhas de James Halliday no Australian Wine Companion 2015.
Colheita manual em vinhedos próprios. A safra de 2007 foi histórica para a região, tudo deu certo e o calor ajudou na maturação completa. Para a Sandalford, foi o ano de colheita mais antecipada que já tiveram. Após a seleção e o desengace, os mostos seguiram para as cubas de aço inox onde sofreram maceração e fermentação alcoólica com leveduras selecionadas. Em seguida, cada vinho base foi transferido para as barricas de carvalho francês onde estagiou por 12 meses. No final, foi feito o corte (mistura), a estabilização e o engarrafamento com filtragem.
Rubi Pleno, começando a atijolar. Apresenta intensidade alta, densidade média e pequeno halo de evolução.
Vinho elegante e fresco no nariz. O primeiro ataque é de Frutas Vermelhas e Negras Passadas (FVNP – amora, cereja, cassis, ameixa), Frutas Secas (figo seco, damasco!), Especiarias (cravo, canela, pimenta do reino) e Menta. Já apresenta aromas terciários: Animal (couro velho, almíscar, caça), Terroso e Ervas Secas. A passagem por madeira é marcada pelo cedro, resina, lápis. E termina com um delicioso toque de tabaco, torrefação e café. Complexo.
Ótimo volume de boca, elegante e evoluído. Acidez alta, álcool bem marcado e taninos ainda firmes. Apresenta-se seco, sem amargor, corpo médio maior, intensidade alta e persistência muito longa. A boca confirma o nariz e ainda traz um toque balsâmico, de sândalo e azeitonas pretas. Sem dúvida é um vinho que está no seu melhor momento.
Este vinho é quase contemplativo, que deve ser degustado com mais atenção por já estar com 09 anos de vida. Mesmo assim, se for à mesa, irá harmonizar com muitos pratos. Recomendo: Caças assadas ou grelhadas, Cordeiro, Cabrito e Javali. Purês de Abóbora, Batata Doce e Banana da Terra vão bem. Lombo recheado com Ameixa/Damasco e com Farofa de Pinhão, Frango caipira e um Arroz de Pato. As culinárias marroquina, árabe e mediterrânea em geral são boas opções.
Não é nada fácil encontrar um Cabernet Sauvignon de raça e que já tenha uns bons anos de guarda. Quando “tropecei” neste, tive certeza que precisaria colocá-lo no Clube. Deu certo. Ele apresenta evolução e elegância, sem perder a estrutura e a pegada típica de um Cabernet. Ótimo exemplar do que a Austrália pode fazer de melhor.
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