25 mar África do Sul
Estilos de Vinhos: Brancos Secos, Rosés Secos, Tintos Secos e Fortificados.
Introdução e um pouco de História
Em 1652, a Companhia das Índias Ocidentais instalou um posto avançado no Cabo da Boa Esperança a fim de auxiliar os navios e homens que navegavam pelas rotas marítimas. Em 1655, o primeiro governador da província do Cabo, Jan van Riebeeck, plantou as primeiras videiras vindas da França e Espanha. Quatro anos depois (1659) era engarrafado o primeiro vinho. O principal objetivo era abastecer os navios que faziam a rota para as Índias.
Em 1688, Huguenotes franceses católicos que fugiam da perseguição religiosa se estabeleceram no Cabo contribuindo para o desenvolvimento da vinicultura na região de Franschhoek. No final do século XVII, a região de Constantia já era reconhecida como a primeira a produzir vinhos de alta qualidade no país.
Porém, os séculos XIX e XX trouxeram o inconcebível regime do apartheid, deixando o país no isolamento por muito tempo e privando o mundo de saborear seus vinhos. Além disso, existia uma cooperativa estatal que era responsável por todo o processo de produção e comercialização do vinho, asfixiando as inovações e melhorias possíveis.
Com o fim desse regime e a flexibilização da produção, o vinho sul africano começou a chegar aos mercados internacionais e ganhou seu espaço. Hoje, a África do Sul conta com mais de 100 mil hectares de vinhas de qualidade, distribuídos entre 4.500 produtores e 340 vinícolas. Segundo dados de 2010, a produção alcançou 930 milhões de litros, sendo que, metade foi destinada à exportação. Essa atividade emprega cerca de 250 mil pessoas (direta e indiretamente).
Classificação dos Vinhos Sul Africanos
O sistema de classificação oficial dos vinhedos (e vinhos) sul-africanos começou a ser implementado em 1973. Ele se baseia em 03 níveis de identificação geográfica produtora: Região, Distrito e Wards.
Além disso, os vinhos sul-africanos seguem algumas regras específicas:
– Um vinho só poderá ser safrado se, pelo menos, 85% do seu volume for da colheita (ano) em questão;
– Um vinho só poderá ser “varietal” se, pelo menos, 85% do seu volume for da casta em questão;
– Um vinho só poderá ter identificação geográfica de origem (W.O. – Wine of Origin) se 100% das uvas utilizadas forem provenientes da região em questão.
Principais Castas
A África do Sul cultiva majoritariamente castas européias. Apesar de não possuir castas autóctones, o país desenvolveu alguns cruzamentos de muito sucesso: a tinta Pinotage (Pinot Noir com Cinsaut) e a branca Nouvelle (Semillon com Trebbiano).
E as principais castas “internacionais” cultivadas são:
Castas Brancas | Castas Tintas |
---|---|
Chardonnay | Cabernet Franc |
Chenin Blanc | Cabernet Sauvignon |
Riesling | Cinsaut |
Sauvignon Blanc | Merlot |
Semillon Blanc | Pinot Noir |
Viognier | Syrah |
Principais Regiões e suas Denominações
Constantia
Foi a primeira “fazenda” dedicada ao cultivo de uvas. Em 1659 a África do Sul começou a produzir vinho por Jan van Riebeeck, comandante da primeira companhia militar da Holanda. Hoje essa “fazenda” esta dividida em cinco propriedades: Klein Constantia, Groot Constantia, Buitenverwachting, Constantia Uitsig e Steenberg;
Franschhoek
Está situada num vale verde, rodeado por três lados por uma cadeia de montanhas de onde o rio Berg corre. A cidade foi fundada por Huguenots franceses que chegaram ao Cabo por volta de 1688 apos a perseguição religiosa ocorrida na França. Trouxeram toda a cultura de vitivinicultura e se estabeleceram definitivamente nessa região onde podemos encontrar basicamente as variedades francesas: Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Pinot Noir e Shiraz;
Paarl
A histórica cidade de Paarl fica no fértil vale do rio Berg aos pés das montanhas Paarl. Localizada numa região de clima mediterrâneo com verões longos e quentes e índice pluviométrico de aproximadamente 650mm por ano. A irrigação é utilizada em escala limitada. A produção nessa região vai desde os brancos secos, passando por portos style, kosher e espumantes até licores e brandies. Todos os produtos são reconhecidos internacionalmente por sua qualidade;
Stellenbosch
A pitoresca cidade de Stellenbosh foi fundada em 1679 pelo Governador Simon van der Stel. É a região com o maior número de produtores (300), entre eles os mais famosos. Com um clima mediterrâneo e índice pluviométrico entre 600 e 800mm por ano e solos de vários tipos é um local ideal para o cultivo de variedades nobres. A cidade também é sede da Stellenbosch University com mais de 14 mil estudantes e é a única do país a ter departamentos dedicados à viticultura e enologia;
Swartland
Literalmente terra negra, tem esse nome em alusão à vegetação de folhas negras que aparece no verão. Antigamente era uma região de cultivo de milho. Os silos de grãos são mais comuns, ainda, que os tanques de aço para produção de vinhos. Seu sucesso é recente; produz vinhos de extrema concentração de cor e de frutas e vinhos de excelente custo-benefício. Tem um grande futuro.
fotos: André Monteiro