07 abr Brasil
Estilos de Vinhos: Espumantes, Brancos Secos, Rosés Secos e Tintos Secos.
Denominações: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Vale do São Francisco.
Castas: Chardonnay, Moscatel, Riesling, Sauvignon Blanc, Trebbiano (brancas), Ancellota, Cabernets, Merlot, Nebbiolo, Pinot Noir, Syrah, Tannat, Touriga Nacional (tintas).
Introdução
A história do vinho no Brasil começa com a chegada dos portugueses; nas naus de Cabral, o vinho era suprimento obrigatório para manter os marujos vivos. Especula-se que o vinho embarcado viria a ser (séculos depois) o famoso “Pera Manca”… Lendas à parte, o que importa é que desde o início, a cultura do vinho estava nos “provocando”.
Brás Cubas, um fidalgo português da região do Porto oriundo de família vitivinicultora, foi o responsável por trazer as primeiras mudas de videiras vitis vinífera para o Brasil. Em 1532 ele começou o cultivo no que hoje seria a cidade de São Vicente, SP e anos depois, no planalto paulista (Taubaté).
A vinda da Corte de Dom João VI para cá em 1808 trouxe um novo impulso ao consumo de vinhos, a abertura dos portos fez chegar ao Brasil, pela primeira vez, uma enxurrada de vinhos bons. A Corte ditava a moda na cidade do Rio de Janeiro, as famílias ricas de São Paulo e do Nordeste logo aderiram aos novos costumes. Os vinhos mais consumidos eram: Porto, Madeira, Bordeaux e Champagne. Para se ter uma idéia desse movimento, em 1844 havia menos de 10 negociantes de vinho na capital (Rio de Janeiro), dez anos depois (1854) já passavam dos 150!
No que diz respeito ao vinho, os movimentos migratórios do século XIX trouxeram ao Brasil alemães, espanhóis e italianos. Eles trouxeram suas culturas e hábitos, introduzindo no Brasil as bases da indústria vitivinícola atual. Os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram os principais destinos.
Devido a questões técnicas e climáticas, as cascas que melhor se adaptaram as nossas terras foram as “de mesa” e “híbridas”. Infelizmente, essa opção não produzia os melhores vinhos e durante décadas ficamos convivendo com bebidas de segunda linha (vinhos de garrafão). Somente na década de 1970 é que o cenário começou a mudar: Empresas estrangeiras se instalaram no RS (Seagram’s criou a marca Almadén em 1974), grandes cooperativas e famílias visionárias apostaram na produção de vinhos finos.
Essa época coincidiu com a chegada de novas tecnologias (tanto no campo quanto na adega) e com a explosão do consumo de vinhos no mundo. Hoje, somos o 13º maior produtor de vinhos do mundo, com um volume de 50 milhões de litros.
Principais Regiões
Durante muito tempo, a produção de vinhos de qualidade ficou restrita ao estado do Rio Grande do Sul (90% da produção nacional) e, de forma mais tímida, a Santa Catarina. Porém, a partir da década de 1990, o vinho “entrou na moda” no Brasil e isso fez com que novas regiões surgissem. A distribuição atual das melhores regiões é:
Serra Gaúcha (RS)
Região pioneira na produção de vinhos finos, maior produtora nacional com mais de 32 mil hectares de vinhedos e onde localiza-se as marcas mais conhecidas: Aurora, Casa Valduga, Chandon, Don Laurindo, Miolo, Salton… A cidade mais emblemática é Bento Gonçalves, seguida por Pinto Bandeira, Flores da Cunha, Farroupilha, Garibaldi e outras. A primeira denominação de origem brasileira (D.O.) nasceu aí, “Vale dos Vinhedos”. Seus espumantes possuem reconhecimento internacional;
Campos de Cima (RS)
Região de altitude, na divisa com Santa Catarina e próxima da Serra Gaúcha. Tem a cidade de Vacaria como sede. Vem apresentando vinhos mais estruturados e com boa capacidade de guarda; seus espumantes (base de Pinot Noir) estão surpreendendo. As vinícolas mais significativas são: RAR (Grupo Miolo), Entre Rios, Aracuri, Campos de Cima e Santa Rita;
Campanha (RS)
Região vinícola mais ao sul do Brasil (paralelo 31, o mesmo de Mendoza e Santiago), na divisa com o Uruguai. As cidades base são Santana do Livramento e Bagé. Seus vinhedos ocupam uma área de 2 mil hectares e as castas mais utilizadas são: Cabernets, Tannat, Merlot, Pinot Noir, Touriga Nacional, Tempranillo (tintas), Chardonnay, Chenin Blanc, Gewürztraminer, Pinot Grigio e Sauvignon Blanc (brancas). As vinícolas mais significativas são: Cordilheira de Sant’Ana, Guatambu, Seival Estate (Grupo Miolo), Almadem (Grupo Miolo), Dunamis, Bueno Bella Vista, Peruzzo e Dom Pedrito;
Serra do Sudeste (RS)
Região mais recente, que tem a cidade de Encruzilhada do Sul como referência. Inúmeras vinícolas de Bento estão investindo nessa região, com destaque para: Casa Valduga, Lídio Carraro, Chandon e Angheben;
Planalto Catarinense (SC)
Região muito fria da serra catarinense que tem São Joaquim, Caçador e Campos Novos como cidades base. Desde a última década, seus vinhos vêm conquistando mercado e apresentando castas menos conhecidas (destacadamente, italianas). As principais empresas são: Villa Francioni, Pericó, Sanjo, Villaggio Grando, Villaggio Conti, Quinta Santa Maria, Quinta da Neve e Leone di Venezia;
Vale do São Francisco (PE)
Região na divisa entre PE e BA, nas cidades de Petrolina e Juazeiro. Na década de 1990, esta região desafiou o mundo mostrando que era possível produzir vinho de qualidade numa zona tão tropical (paralelo 08º). Atualmente a área de vinhedos gira em torno dos 400 hectares e as principias vinícolas são: ViniBrasil (do grupo português Dão Sul), Bianchetti, Ouro Verde (grupo Miolo) e Vinícola do Vale do São Francisco. Boa parte da produção é voltada para exportação;
Divisa entre SP e MG
A região paulista de Espirito Santo do Pinhal juntamente com a região mineira de Poços de Caldas começa a marcar presença no cenário nacional de vinhos. Devido ao subsolo muito particular da região (extrato vulcânico), seus vinhos apresentam características únicas que vêm chamando a atenção do setor (em especial com a casta Syrah). As principais vinícolas são: Guaspari, Casa Geraldo, Fazenda da Fé e Fazenda do Porto;
São Roque e Jundiaí (SP)
Esta região paulista é muito famosa pelos vinhos feitos com castas híbridas ou “de mesa”; no auge da produção (década de 1970) existiam mais de 150 vinícolas (hoje não chegam a 30). Porém, nos últimos anos, alguns projetos mais audaciosos com castas vitis viníferas mostraram bons resultados. O destaque fica por conta da vinícola Goes.
Grande Abraço e Bons Goles, Sempre.
André Monteiro.
fotos: André Monteiro